sexta-feira, 29 de maio de 2009

memória*

Jornais reportam teste nuclear em Seul; organização diz que local de teste norte-coreano foi próximo à explosão de 2006 / Lee Jin-man/AP

Agência Meteorológica Japonesa detecta "terremoto artificial" na Coreia do Norte; tratava-se de um teste nuclear / Yuriko Nakao/Reuters

Soldados da Coreia do Sul transportam sistema de mísseis em exercício na fronteira com a Coreia do Norte / Lee Jin-man/AP


Divisão é herança da Guerra Fria

PETER POPHAMDO "INDEPENDENT"

Ela foi por décadas um símbolo da Guerra Fria tão assustador quanto o Muro de Berlim. A DMZ, mal-nomeada "zona desmilitarizada" da Coreia, atravessa a península no paralelo 38, estendendo-se por 250 km de minas terrestres e armadilhas para tanques. É a zona que mantinha separados os enormes Exércitos das Coreias do Norte e do Sul. A DMZ marca o ponto em que a Guerra da Coreia começou e terminou, e ontem os fantasmas voltaram quando Pyongyang anunciou que não aceita mais o armistício que pôs fim à guerra, em 1953.
É a chamada "Guerra Esquecida", porque ficou à sombra da Segunda Guerra e da Guerra do Vietnã. No fim da Segunda Guerra, a União Soviética e os EUA concordaram em fracionar em duas a Coreia, ex-colônia do Japão, traçando a divisão no paralelo 38. Regimes-clientes surgiram de ambos os lados, mas nenhum aceitou como permanente a divisão, brutalmente artificial: fizeram da reunificação coreana sua meta política. Após anos de incidentes, a guerra começou quando tanques da Coreia do Norte se esparramaram para o sul da fronteira, em 1950.
Quase dominaram o Sul, mas os EUA os detiveram. O general Douglas MacArthur prometeu encerrar a guerra com armas nucleares. Essa é uma das razões porque a obtenção de uma arma nuclear é uma obsessão do Norte.
Após a morte de 600 mil soldados e com a destruição das cidades, a guerra terminou em um impasse, e a hostilidade amarga impediu os lados de assinar um acordo de paz. Ontem, mesmo a meia medida que silenciou as armas acabou.

(Tradução de CLARA ALLAIN)

* publicado no jornal Folha de S. Paulo, edição de 28 de maio de 2009.